quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A carne que comemos (parte IV)

Um problema sem solução

Sobre o fato de que 83% dos matadouros de Pernambuco não possuem condições mínimas de funcionamento não há controvérsias, mas as soluções para o problema estão longe do consenso. A iniciativa de interdição esbarra no receio de que a região seja abastecida por carnes clandestinas. Com isso, as inspeções e laudos realizados pela Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro), muitas vezes requisitados pelo Ministério Público do estado (MPPE), terminam mais sendo motivo de constrangimento para os administradores e as prefeituras do que forçam os gestores a realizarem as adequações requisitadas.

No matadouro de Arcoverde, por exemplo, o fiscal da Adagro Evandro Cavalcanti, que acompanhou a reportagem, precisou lembrar sua função para que seu acesso fosse liberado. Já a entrada da equipe de reportagem precisou ser autorizada pelo secretário municipal interino de Agricultura, Renato Campos. O fato de não ter havido mudanças significativas no matadouro de 8 de fevereiro de 2007, data do último laudo realizado pela agência, até o dia da visita do Diario, 16 de setembro deste ano, explica um pouco a “receptividade” dos seguranças.

“Esse matadouro é totalmente fora do padrão”, reconheceu o secretário Renato Campos. Segundo ele, a promessa de construir um novo espaço em seis meses partiu do secretário de Agricultura do estado, Ranilson Ramos. O detalhe é que desde 2007 o projeto vem sendo aguardado. “Tendo em vista a construção de um novo matadouro, não sugerimos o fechamento, mas adequações. O simples fechamento acarretaria a indução da matança clandestina...”, diz a conclusão do laudo.

A coordenadora do Centro de Apoio Operacional do Consumidor (Caop Consumidor, do MPPE), Liliane Fonseca, não acha que a interdição induz necessariamente ao abate clandestino. “É melhor interditar e acelerar o programa de regionalização dos abatedouros do que colocar em risco a saúde da população. O MPPE recomenda, mas quem tem poder de polícia é a Adagro, portanto, é esse órgão que precisa agir com mais veemência”.

Continua...
 DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR

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