segunda-feira, 28 de novembro de 2011

50% da carne consumida em PE tem origem clandestina, diz Adagro

Dos 156 matadouros públicos, 140 deveriam ser fechados, afirma agência.
Boxes de mercados públicos funcionam irregularmente como abatedouros
.
Um estudo da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária do Estado de Pernambuco (Adagro) aponta que metade da carne consumida em Pernambuco tem origem clandestina. O Estado tem 156 matadouros públicos mantidos pelas prefeituras. O problema é que a maioria deles funciona precariamente em espaços improvisados e sem obedecer às normas da Vigilância Sanitária, como mostra reportagem do NETV 1ª Edição.

Só este ano, 17 matadouros foram fechados no estado, mas a Adagro, responsável pela fiscalização, diz que quase todos deveriam ser fechados. "Com certeza, dos 156, no mínimo 140 deveriam estar fechados", aponta Erivânia Camelo, gerente-geral da Adagro. "Com certeza, mais de 50% da carne consumida pelos pernambucanos é clandestina", completa.

No matadouro de Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata, dezenas de pessoas trabalham na informalidade. No local, os bois são abatidos no meio de muita sujeira e sem a inspeção de um veterinário, que deveria atestar se o animal está doente ou não. É um funcionário da prefeitura que coloca o carimbo de inspecionado. "Eu não acho que esteja nas condições adequadas, porque devia ter mais higiene", disse o servidor Everaldo Domingos.

No comércio da carne, outro absurdo: matadouros clandestinos de aves funcionam dentro de mercados públicos. Dezenas de boxes se transformaram em galinheiros. As aves são depenadas no meio do aperto e do improviso. Só em um mercado, na Região Metropolitana do Recife, dez mil aves são abatidas por dia. "A gente trabalha faz mais de 20 anos", afirma o abatedor de aves Givanildo da Silva.

"É preciso todo mundo entender que é um problema de saúde pública. Os casos estão acontecendo e as medidas não estão sendo tomadas na tentativa de reverter esta situação que tem gravidade. A população só deve consumir tentando identificar carnes produzidas, manipuladas e congeladas em locais onde há fiscalização, onde há evidências de que estas carnes são controladas de forma adequada", explica o médico Carlos Brito, Gastrologista e professor da Universidade Federal de Pernambuco.

Dicas

Muitos consumidores têm dúvidas na hora de comprar carne em mercados públicos. De acordo com o gerente de Vigilância Sanitária do Recife, Luiz Paulo Brandão, alguns sinais podem indicar se o alimento é ou não de origem clandestina. "Se for muito barata, desconfie. Quando a carne é vendida por um preço muito abaixo da tabela é porque ela é clandestina", afirma.

Outra sugestão é perguntar ao comerciante se a carne é de boa qualidade. "Nessa hora, o consumidor tem todo o direito de pedir a nota fiscal ao vendedor, que comprove onde a carne foi comprada", diz. "Também é bom prestar atenção no ambiente onde ela está armazenada, se o balcão é refrigerado e se o local é limpo", acrescenta.

Segundo ele, até o final de dezembro deste ano, a Prefeitura, em parceria com outros órgãos de fiscalização, deve organizar os boxes de vendas de carne nos mercados públicos do Recife.


fonte:http://g1.globo.com/pernambuco

Comissão de Agricultura debate funcionamento de matadouros clandestinos

A Assembleia Legislativa deverá instalar, no início de 2012, uma Comissão Especial para discutir a situação dos matadouros públicos de Pernambuco. A sugestão foi apresentada pelo deputado Antônio Moraes (PSDB) durante audiência pública realizada nesta segunda, pela Comissão de Agricultura da Casa.

De acordo com a gerente da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro), Erivânia Camelo, quase 90% dos 156 matadouros públicos do Estado praticam o abate de animais de forma clandestina. Na maioria dos municípios, os animais são mortos em ambientes sujos e sem a utilização de técnicas adequadas. O transporte da carne também é realizado de forma irregular, ao ar livre e sem refrigeração.

A representante da Adagro explicou que o Governo do Estado investiu R$ 20 milhões na construção de sete matadouros públicos regionais. No entanto, apenas três estão em funcionamento nas cidades de Barreiros, Palmares e Paudalho. Erivânia defende a privatização do processo de abate.

Representando o Ministério Público, a promotora Liliane Fonseca defendeu a interdição imediata de todos os matadouros irregulares. Já o deputado Antônio Moraes alertou para a relutância das prefeituras em interditar os matadouros. Segundo o parlamentar, os gestores municipais se preocupam com a falta de alternativa de trabalho para os que hoje sobrevivem do abate de animais.

Moraes também levou o assunto para a Reunião Plenária e disse que a questão é um problema de saúde pública. O presidente da Comissão de Agricultura, Claudiano Martins Filho, do PSDB, defendeu o aumento da fiscalização dos abatedouros e disse que a polícia deve ser acionada quando necessário.

fonte: Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR

domingo, 20 de novembro de 2011

Carnes resfriadas nos mercados- Dentro de 90 dias, os comerciantes terão de guardar o produto em balcão refrigerado

Os mercados públicos do Recife terão 90 dias para se adequar à lei municipal nº 17.676, que proíbe que as carnes sejam vendidas fora de balcões refrigerados. A informação foi dada ontem pela diretora da Vigilância Sanitária municipal, Adeílza Ferraz, durante audiência pública na Câmara do Recife. A iniciativa foi do vereador André Ferreira (PMDB) a partir da série “A carne que comemos” do Diario de Pernambuco, que do dia 2 a 5 de outubro mostrou que o alimento consumido no interior já é contaminado desde o abate, que é o primeiro processo.
Para Ferreira, a notificação da Vigilância Sanitária aos mercados públicos gera preocupação com o cumprimento, apesar de ser uma medida que beneficia os consumidores. “A realidade é que os comerciantes não têm estrutura financeira para realizar sozinhos essa adequação. Se a prefeitura não contribuir para a compra desses balcões refrigerados não vai haver mudança”, opinou o vereador.
O comerciante do Mercado da Encruzilhada Ivanildo Fernandes dos Santos compartilha da mesma opinião. “Vendo carne há 38 anos e reconheço que as condições no mercado não são as melhores. Mas não temos condições de comprar esse balcão. Ele não custa menos que R$ 4 mil”, afirmou. A coordenadora do Centro de Apoio Operacional (Caop-Consumidor) do MPPE, Liliane Fonseca, instaurou um processo de investigação preliminar sobre o assunto, mas acredita que para resolver o problema é preciso “vontade política”.
Durante a audiência o vereador questionou aos representantes do MPPE, Vigilância Sanitária estadual e municipal e a Associação Pernambucana de Supermercados (Apes) sobre a garantia de qualidade da carne que o recifense consome. A refrigeração foi tida como ponto principal para o combate à contaminação. Aliado a isso, a fiscalização efetiva da Vigilância Sanitária sob olhar atento do Ministério Público e da própria população.  O público presente, que lotou o plenarinho da Câmara, foi alertado pela Vigilância Sanitária e MPPE sobre o “mito da carne vermelha”. “Muitos acham que a carne boa é aquela sangrando, normalmente exposta em mercados públicos, mas não é. A “carne quente”, como muitos chamam, é um celeiro de micróbios, por isso precisa ser refrigerada”, explicou a representante da Apevisa, Maria do Rosário.
A promotora Liliane Fonseca pediu que a Câmara intervenha para que se revogue a portaria estadual que permite o transporte da carne entre municípios de até 150 quilômetros. De acordo com ela, a portaria do estado contraria a Lei Federal que só permite que o transporte seja feito com uma temperatura máxima de 7°C. “Vou procurar o secretário estadual de Agricultura, Ranilson Ramos, para vermos isso”, prometeu Ferreira.

Fonte:
Diario de Pernambuco - PE